Resenha: LionHeart - Viver Para Detonar

Antes de comentar sobre o último disco do quarteto carioca, eu devo dizer que a cena rock / metal underground é uma coisa que sempre me espanta. Desde sempre que bandas, tanto no underground quanto no foreground (gostaram do termo? Inventei agora *rs) se ocupam da árdua tarefa de produzir em nosso idioma esse som criado pelos gringos e seus instrumentos.

Pessoalmente admiro muitas dessas bandas e gosto de muitas delas, a citar desde os anos 70 grupos como Mutantes, Vapor, nos anos 80 Ratos de Porão, Dorsal Atlântica, Azul Limão, Taurus, e toda geração BRock, nos anos 90 Sigma5, Pavilhão 9, Raimundos, nos anos 00, OficinaG3 (merece estar incluído por esse último cd), Exxótica, Envydust entre tantas outras. Ou seja, eu GOSTO da cena Rock / Metal produzida no Brasil em português, por isso resolvi baixar e escutar o novo cd da banda carioca LionHeart.

São 10 músicas ao total, disponibilizadas no site da banda, em arquivos mp3 com qualidade de 128KB, que pesam 32 MB no total. O download pode ser feito sem maiores burocracias: é entrar no site, clicar em baixar álbum logo na tela inicial e pronto. Uma coisa que normalmente disponibilizam, e que eu senti falta, é a arte gráfica junto com o álbum. Não que eu vá queimar e imprimir capa para esse disco, mas dá que eu quisesse? Enfim...

Sobre a produção, é preciso reconhecer que o disco esteja “bem gravado”. Deixo as aspas, pois pessoalmente achei a sonoridade do disco estéril. Sabe aquele instrumental limpo, mas sem garra? Sobre a voz, essa se encontra alta em excesso, se comparada com a banda. Em um grupo pop, isso não seria problema, mas em um grupo com proposta “hard rock”, sei não... Por acaso, falando em voz: acho que um dos detalhes que mais me incomodaram ao escutar esse disco foi o vocalista que enjoam logo após poucos segundos de audição, devido ao seu estilo forçoso, que numa tentativa de soar “gostosão canalha” – aquele tipo de voz que o Paulo Ricardo fazia no RPM - acaba soando como um travesti desses programa humorístico.

As músicas soam fora de época. A tentativa de seguir os passos de bandas de “rock-festa-diversão”, como o Twisted Sister, faz com que a banda opte por um som anacrônico: datado e deslocado no tempo. Efeito agravado pelo uso mau uso da língua, no sentido de evitar frases que soam por demais bregas ou cafonas – pense em bandas como Hammerfall, que perderiam pelo menos metade de seus fãs caso resolvessem cantar “então venha para a terra prometida, feche seus olhos que eu te pego pela mão”. Latino em geral é “plástico e macho” – li essa denifição em algum lugar e a achei MUITO engraçada, infelizmente fico devendo a fonte – por isso é preciso uma boa seleção de palavras e frases a se usar na hora de se escrever a letra, algo que vai muito além da simples tradução.

Por acaso, as letras são dignas de constarem nos discos mais escrachados da Gretechen ou da Rita Cadilac – lembrando que nos anos 80 elas possuíam um BELO diferencial físico, bem diferente dos marmanjos do LH. As frases seguem todas a linha de: “Eu sou aquele rapaz que te deu uns beijinhos”, “underground, loucura total”, “quero prazer... loucura total”, “hoje a noite eu vou te enlouquecer” entre outras. Um detalhe é que “loucura”, “prazer” e “rock n´roll” são palavras que aparecem durante praticamente todas as músicas, sendo essa última pronunciada com uma pseudo sotaque americano, que de tão forçado soa muito mais ridículo que o nosso “roquenrou”, que cá entre nós, é muito mais simpático.

Acho que é isso. O cd é ruim, e a banda não fica muito atrás. Claro que o que esta escrito aqui expressa nada mais que a minha opinião. Caso vocês queiram escutar o disco, basta que acessar o site da banda: é simples, rápido e indolor (exceto pela dor que causa aos ouvidos hehehe).

Enquanto isso, uma sugestão para o final de semana: compareçam a final do WOA Brasil esse final de semana em Campo Grande; as “melhores bandas” de todos os estados “disputando” uma vaga para o maior festival de metal do mundo! Zinistru...