Ricardo Lísias- Divórcio


"Quem dá alguma chance para o amor fica vulnerável".

Quem nunca sofreu para superar o fim de um relacionamento? Falar que não quer mais, não é falar que não liga, que não importa, que não sente mais por aquela pessoa. Ricardo Lísias conta ao longo de 237 páginas as idas e vindas de um homem, ele próprio, ao longo desse processo de esquecer, superar.


"A gente vive a morte acordado"

O livro conta a história do próprio Ricardo (ou talvez conte a história de uma personagem homônima ao autor do livro) que acabou de divorciar de sua esposa após a descoberta de um diário, onde a mesma confidenciava o desprezo pelo marido e suas aventuras eróticas com seus amantes. A narrativa segue em primeira pessoa, com um discurso maniqueísta entre o bem/virtude (o marido traído) e o mau/devassidão (a esposa traidora). Porém longe de uma narrativa piegas do sujeito lamentando sua vida, a maestria do autor está em mostrar as mudanças que ocorrem na maneira de encarar os eventos e racionalizar o passado.

Por dias Ricardo pensa em um trecho do diário onde a ex escreveu "Em Cannes eu pude confirmar a mulher que eu sou", mas apenas dias depois os demais parágrafos passam a processados e o leitor descobre que não é só aquilo. Com o passar dos meses algumas coisas são esquecidas, porém outros episódios continuam a ser martelados (ah, Notre Dame).


"A alternância brusca de sentimentos me desestruturou"

Ricardo envia SMSs para xingar a ex, depois manda outros para se desculpar. Convida os amigos dela para um café, depois xinga por não ter resposta. Confunde simpatia com amizade, foge do mundo se isolando em um buraco de autopiedade, buscando culpados e sendo culpado.

Divórcio poderia ser muito bem uma letra de Los Hermanos. Poderia estar lá no primeiro CD, entre "Azedume" e "Lágrimas Sofridas", mas a maneira escolhida por Ricardo para contar a sua história faz com que Divórcio deixe facilmente de ser uma faixa e se torne um álbum completo.